Fugir para longe do equador
Noite amena de um destes dias, deste manso Verão. Livraria quase deserta num vazio centro comercial. Um casal de reformados tacteia sobre os livros nas estantes. Diz a mulher:
- Podíamos comprar o "Código da Vinci" para as férias...Ou senão o "Equador"...
O homem diz que sim, que levassem os dois. Fujo logo dali. Irritam-me os best-sellers.
Embirro com os livros que todos andam a ler, que todos gostam. E não sei o que são livros
para ler em férias. Provavelmente, vou ser o último portuga a ler o romance do Miguel Sousa
Tavares. Eu que até gosto dele.
Mal saio da livraria, logo a subir as rolantes escadas, uma rapariga com o "Fazes-me falta" debaixo do braço. Tinha logo de ser!
Não me lembro, desde que há metro na invicta, de alguma vez ter visto, por exemplo, alguém a
ler Camus ou Kafka. Ou Musil. Um qualquer dos eternos.
Mas já vi muitos "Códigos"...
FC